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O que você faria se fosse largado em uma ilha deserta, abandonado pelos homens que antes chamava de companheiros? Deixaria a melancolia e o desespero te consumirem, ou usaria todas as suas forças para desafiar o destino e sobreviver contra todas as probabilidades? Essa foi a escolha que Alexander Selkirk, um audacioso corsário escocês, precisou enfrentar.
Selkirk não só sobreviveu ao isolamento absoluto como transformou essa adversidade em uma lição de engenhosidade e resiliência. Sua história extraordinária inspirou o clássico da literatura marítima, Robinson Crusoe, de Daniel Defoe e no artigo de hoje, vamos explorar a sua jornada.
Alexander Selkirk: O Homem Rebelde do Mar
Alexander Selkirk nasceu em 1676 em Lower Largo, uma vila no condado de Fife, na Escócia. Filho de um sapateiro, Selkirk cresceu em um ambiente simples, mas desde cedo revelou um espírito inquieto e rebelde.
Em 1695, Selkirk enfrentou problemas legais por comportamento indecente durante um culto religioso, mas ao invés de comparecer ao tribunal eclesiástico, ele fugiu para o mar. Por mais de seis anos ele ficou longe de sua comunidade ganhando experiência como um marinheiro. Quando retornou, em 1701, seu comportamento era ainda pior.
Ao cair da primavera daquele ano, ele decidiu abandonar mais uma vez sua comunidade. De início, embarcou em expedições com piratas e bucaneiros do Caribe, mas, eventualmente, Selkirk juntou-se à expedição privada do famoso explorador e pirata William Dampier, em 1703.
Abandonado para a Morte
Dampier capitaneava o navio St. George, ao meio tempo que Alexander era membro de uma galé chamada Cinque Ports. Em uma dessas expedições, o capitão da galé, Thomas Stradling, teve um desentendimento com Dampier e cada um seguiu seu caminho.
Cinque Ports partiu em direção à Más a Tierra, ilha hoje conhecida como Ilha Robinson Cruzoé. Lá, na costa do Chile, Selkirk percebeu que a galé da qual fazia parte se encontrava em condições precárias. Preocupado e com a certeza de que o navio não suportaria a viagem, ele fez uma coisa inusitada: disse ao capitão Stradling que preferia ficar na ilha sozinho do que continuar a jornada e afundar em alto mar.
Esse foi um blefe que custou caro. Sua intenção era fazer com que Stradling fizesse reparos no navio, porém, o capitão acatou o pedido de Alexander e o abandonou na ilha com alguns objetos pessoais, que foram cruciais para sua sobrevivencia. Entre esses itens estavam um mosquete, pólvora, munição, ferramentas, uma faca, roupas, uma corda e uma bíblia. Vale lembrar que por ele não ter sido expulso nem condenado e sim ter escolhido sair do navio, ele foi capaz de levar esses itens consigo, diferente do que aconteceria caso fosse largado na ilha por alguma punição de um crime.
Como Alexander Selkirk Sobreviveu em uma Ilha Selvagem?
Após desembarcar na Ilha Más a Tierra, Alexander Selkirk enfrentou um dos períodos mais desafiadores e solitários da história da sobrevivência humana. Inicialmente, o isolamento era opressor. Selkirk estava completamente sozinho em uma ilha deserta, cercado apenas por vastos espaços selvagens, ameaças naturais e o oceano.
De início, não ousou adentrar a ilha. No fundo ele ainda nutria esperanças de que Stradling retornasse para o resgate ou de que a embarcação de Dampier ou alguma outra passasse por perto. No entanto, isso não aconteceu. Após vários dias na área costeira da ilha, comendo frutos do mar e buscando sinais de navios no horizonte, ele precisou mudar de lugar. Quando fez isso foi que a verdadeira sobrevivência teve início.
Lá ele conseguiu melhores alimentos: cabras selvagens lhe forneciam carne e leite, encontrou também vegetais e até mesmo alguns tipos de condimentos na ilha. Suas ferramentas foram colocadas à prova. Ele usou sua faca e machadinha para caçar, cortar madeira e construir refúgios.
A habilidade com a mosquete lhe permitiu caçar animais com maior facilidade, no entanto, seu uso era limitado. Um dia, quando começou a ficar sem munição, ele tentou caçar a pé e, na busca de uma cabra selvagem, caiu de um penhasco e se machucou seriamente e por pouco sua história não acabava ali.
Mas Sekirk não era fácil de derrubar. Na ilha, ele não só sobreviveu como prosperou. Criou refúgios próximos a fontes de água doce, produziu suas próprias roupas processando couro dos animais abatidos, colheu e coletou recursos naturais e, ao fim, conseguiu até mesmo domesticar gatos selvagens que lhe serviram de companhia.
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Em cinco anos largados na Ilha de Más a Tierra, Alexander enfrentou batalhas físicas e mentais pela sobrevivência, vencendo cada uma delas. Nesse tempo, a bíblia que trouxera consigo lhe serviu de consolo e também como uma maneira de manter a sanidade em meio ao isolamento profundo.
O Resgate de Alexander Selkirk e seu Retorno ao Mundo
Quase cinco anos se passaram antes que Alexander Selkirk fosse resgatado. Durante esse tempo, dois navios espanhóis chegaram à ilha, mas devido as tensões entre a Espanha e Inglaterra no período, ele precisou se esconder para evitar ser capturado ou executado como pirata. Finalmente, em fevereiro de 1709, o capitão Woodes Rogers, um dos maiores responsáveis por acabar com a pirataria no Caribe, com a ajuda de William Dampier, desembarcou na ilha e encontrou Selkirk em uma condição surpreendentemente saudável.
Alexander foi levado a bordo do navio Duke, e ao retornar ao mundo civilizado, descobriu que o navio Cinque Ports, aquele navio que ele tinha certeza que não estava próprio para navegar, havia naufragado na costa peruana, matando quase toda a tripulação. A habilidade de sobrevivência de Selkirk impressionou Rogers, e ele logo ganhou seu respeito ao ser nomeado capitão de uma embarcação capturada em uma de suas muitas expedições.
O Legado de Alexander Selkirk
Após seu resgate, Alexander Selkirk voltou à Escócia em 1717, mas não permaneceu em seu lar por muito tempo. Sua natureza aventureira o levou novamente ao mar, desta vez como tenente na Marinha Real Britânica. Mas, infelizmente, Selkirk não teve uma vida longa após seu retorno. Em 13 de dezembro de 1721, ele morreu de febre amarela a bordo do HMS Weymouth, nas águas da costa ocidental da África.
Embora tenha vivido apenas até os 45 anos, a história de sua extraordinária sobrevivência deixou um legado duradouro. A obra “Robinson Crusoe” de Daniel Defoe capturou sua experiência na Ilha Más a Tierra garantindo que a lenda de Alexander Selkirk fosse imortalizada na literatura e na imaginação coletiva.
Conclusão
Mais do que apenas um modelo para um personagem fictício, Alexander foi um testemunho da força humana para superar os desafios mais extremos e em como temos a habilidade de nos adaptar e usar a criatividade para prevalecer em qualquer situação.
Espero que tenha gostado do conteúdo. Deixe seu like inscreva-se no canal para explorar mais histórias da pirataria e do mar. Eu sou o Leonardo Arcano, autor do livro o Chamado das Profundezas. Vou deixar o link da obra na descrição e no primeiro comentário fixado pra que você possa conhecer. Fico por aqui e te vejo no próximo vídeo!
Referências
https://en.wikipedia.org/wiki/Alexander_Selkirk
https://marsemfim.com.br/alexander-selkirk-a-luz-para-robinson-crusoe/
https://www.worldhistory.org/Alexander_Selkirk
