L. R. Arcano

Ataque Pirata em Santos (1591): O Saque de Thomas Cavendish no Natal

No Natal de 1591, um evento marcante abalou o litoral brasileiro: o ataque pirata liderado pelo navegador inglês Thomas Cavendish à vila de Santos. Considerado um dos mais audaciosos saques piratas da história do Brasil Colônia, a invasão não apenas deixou a população em pânico, mas também marcou a presença inglesa em águas luso-brasileiras. O saque de Thomas Cavendish teve um impacto profundo na economia e na segurança da região, sendo um episódio crucial para entender as tensões marítimas da época e a vulnerabilidade das colônias portuguesas.

Veja o vídeo que fiz sobre o assunto!

O Início do Saque de Cavendish

Era noite de 24 de dezembro de 1591. A Vila de Santos vivia o silêncio sereno das celebrações de natalinas, enquanto a pequena igreja da Misericórdia, abrigando colonos e índios catequisados, ressoava com os ecos de preces à Deus e ao nascimento de seu filho Jesus. As chamas das velas dançavam suavemente, refletindo nas paredes de madeira da igreja. Mas, ao longe, algo quebrava a harmonia da noite: era o som distante de velas ao vento, trazendo consigo a ameaça iminente de um ataque que viria das águas tranquilas do Estuário.

Thomas Cavendish - Pirata e Corsário
Thomas Cavendish

Thomas Cavendish, um experiente corsário inglês, com sua astúcia cruel, aproveitou o desleixo dos vigias e enviou em frente seus três melhores navios, Roebuck, Desire e Black Pinese, comandas pelos capitães Cocke, John Davies e Staffod. Esses avançaram pelas águas calmas do Canal da Barra, enquanto Thomas ficou na retaguarda com o seu navio e outras duas embarcações.

A Fortaleza da Barra Grande, erguida para proteger a vila, permaneceu em silêncio enquanto a ameaça se aproximava, como uma sombra crescente. A partir do lagamar de Enguaguaçú, os piratas, bem como predadores à espreita, lançaram suas âncoras, preparando o terreno para uma invasão devastadora.

Fortaleza da Barra Grande - Século XVI
Fortaleza da Barra

O som de um sino distante ecoou da Igreja Matriz, e logo as primeiras chamas incendiaram os casebres do Valongo, espalhando o pânico entre aqueles que ainda não haviam ido à Missa de Natal. A surpresa foi a maior arma dos invasores, que rapidamente dominaram a vila.

Em poucos minutos, as ruas ficaram desertas, e os piratas tomaram os principais líderes da comunidade como reféns, incluindo Braz Cubas, José Adorno e Jerônimo Leitão.

A Vila de Santos Subjulgada pelo Poder dos Piratas

Já em total controle da vila, os piratas destruíram e roubaram as casas e comércios locais. Mesmo as igrejas, símbolo da fé local, foram saqueadas e profanadas, e a imagem da Santa Catarina de Alexandria, guardiã da capela de mesmo nome, foi arremessada no mar sendo encontrada apenas 70 anos depois.

Mas, mesmo no caos, a resistência persistiu. Em fuga pelas trilhas sombrias do morro São Jerônimo, colonos e índios, com coragem mais forte que as espadas, buscaram abrigo, deixando para trás a destruição e o horror. Eles sabiam que a noite de Natal não marcaria apenas uma tragédia, mas também o início de um novo capítulo de resistência.

Ataque pirata em uma vila
(Representação) A Destruição da Vila de Santos

Após ser avisado de sua vitória, no dia 26 de dezembro, Thomas Cavendish enfim desembarcou em Santos. Ao ancorar na vila, desembarcaram mais de 200 homens que serviram para fortificar o poder militar já presente por lá. Depois, comandou para que queimassem toda a frota náutica de Santos.

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O Maior Erro do Pirata Thomas Cavendish

Com dois meses de ocupação, embriagado pela vitória inicial, Cavendish partiu para a cidade vizinha de São Vicente e, posteriormente, rumou para o sul. Mas sua presença em Santos não seria facilmente esquecida.

No ano seguinte, ao tentar um novo ataque, se deparou com uma Vila de Santos mais preparada, com um exército formado por colonos e indígenas. O que se seguiu foi um massacre: 25 piratas foram mortos e Cavendish, já desmoralizado, fugiu, levando consigo a mancha de uma derrota que selaria seu destino.

O corsário inglês, um homem de coragem imensa, mas cuja astúcia e ambição o levariam ao fim, morreu em 1592, aos 37 anos, em uma tentativa frustrada de retorno à Inglaterra. A vila de Santos, embora devastada, se reergueu, lembrando que a verdadeira força de um povo não se mede pela destruição que sofre, mas pela coragem de lutar e se regenerar, como a fênix que renasce das cinzas.

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