“Ele criticou o governo e demonstrou que todo homem nasce livre, com o mesmo direito ao que o sustenta quanto ao ar que respira; que a vasta diferença entre os homens, com uns vivendo em luxo e outros na mais severa miséria, se deve apenas à avareza e ambição de um lado, e à submissão covarde do outro.”
Livro “Uma História Geral Dos Roubos E Crimes De Piratas”, por Charles Johnson.
Introdução
No final do século XVII, em uma remota enseada de Madagascar, teria florescido uma colônia pirata singular. Conhecida como Libertatia, ou Libertalia, ela foi descrita como um refúgio para aqueles que buscavam liberdade absoluta, longe das amarras das monarquias, religiões e desigualdades sociais da época. Fundada pelo Capitão James Misson (se pronuncia Mission), Libertatia prometia ser um experimento revolucionário: uma comunidade governada por democracia direta, com uma economia compartilhada e igualdade para todos os seus habitantes, independentemente de origem ou cor.
Mas será mesmo que esse paraíso libertário realmente existiu? Ou seria apenas uma invenção utópica, moldada pelos ideais iluministas que começavam a despontar na Europa?
Meu nome é Leonardo Arcano, sou autor do livro de fantasia pirata “O Chamado das Profundezas: Por Ouro e Glória” e no vídeo de hoje vamos conhecer a fascinante história de Libertalia, uma colônia pirata que se encontra no limiar entre o mito e a realidade, desafiando historiadores e capturando a imaginação através de gerações.
A História de Libertatia: Um Refúgio de Rebeldes
A principal fonte sobre Libertalia é o livro “História Geral Dos Roubos E Crimes dos Piratas”, lançado em 1724 pelo autor Charles Johnson — cuja verdadeira identidade ainda é debatida, com muitos sugerindo que se tratava do romancista Daniel Defoe, autor de diversas obras fictícias sobre os piratas e corsários.
Segundo o relato, Libertalia foi fundada por James Misson com ajuda de padre italiano chamado Caraccioli. Unidos por ideais revolucionários, eles rejeitaram a autoridade das monarquias, da religião organizada e das desigualdades sociais, fundando assim uma espécie de comunidade anárquica.
A narrativa da obra descreve a colônia de Libertália como sendo um refúgio para aqueles que fugiam das opressões dos sistemas políticos e econômicos do século 17. Mission, um francês de boa vida, teria se rebelado contra dogmas religiosos e contra o próprio governo, adotando uma abordagem igualitária a qual atraiu o interesse de homens e mulheres que se tornaram seus fiéis seguidores, compartilhando sua visão utópica.
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Então, na companhia de outros piratas, marinheiros, escravos fugidos, rebeldes e rejeitados, Misson fundou, na costa norte de Madascar, a mitológica colônia de Libertália. Nessa região já existiam outras bases piratas, como a Ilha de Santa Maria e o Fort Dauphin. Esse era um local estratégico, próximo à muitas rotas comerciais o que o tornava perfeito para interceptar navios mercantes da Companhia das Índias Orientais.
As teorias sobre a localização do lendário paraíso pirata apontam para o norte de Madagascar, onde a suposta Libertália teria sido fundada em uma baía protegida, de solo fértil e com bastante água doce.
Mas como teria funcionado essa sociedade pirata?
Como Funcionava a Sociedade Pirata em Libertatia?
Os relatos no livro nos revelam que a base de Libertalia era construída sobre princípios radicais: liberdade total, economia coletiva e uma democracia direta, onde as decisões eram tomadas pelo povo e não por um governo centralizado. (Praticamente um regime comunista, caso o comunismo fosse de fato funcional.)
A colônia tinha seu próprio idioma e um lema que dizia “Para Deus e Liberdade” e segundo o livro, ele ostentava uma bandeira branca com caveira negra, diferente do tradicional Jolly Roger, a bandeira pirata daqueles tempos.
O conceito de uma sociedade sem escravidão, sem hierarquias e sem a concentração de riquezas nas mãos de poucos era revolucionário, especialmente para os tempos em que a história de Libertatia foi criada. Uma vez, um notório pirata chamado Thomas Tew teria visitado o local, onde ficou impressionado com a comunidade autogovernada, onde os recursos eram compartilhados igualmente e a liberdade era um direito inquestionável.
Lá, a riqueza e terra eram divididas igualmente, assim como a alimentação que não faltava mesmo àqueles que seriam aniquilados no sistema dominante do mundo. Os que não eram em si piratas, saqueando navios em rotas comerciais, se tornavam agricultores ou participavam de outras atividades, e as riquezas em geral eram entregues ao tesouro comum, simbolizando os ideais de igualdade que buscavam com tanto afinco.
Mas, isso não durou para sempre.
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O Suposto Fim de Libertatia
O fim de Libertalia é envolto em mistério e incertezas. Segundo os relatos presentes em “História Geral Dos Roubos E Crimes De Piratas”, a comunidade teria durado apenas cerca de 25 anos antes de ser destruída.
A versão descrita por Charles Johnson, sugere que a colônia foi atacada por nativos locais, o que resultou na morte do antes padre Caraccioli, um dos líderes da comunidade. Misson teria escapado do ataque, mas logo depois pereceu em uma tempestade no mar, o que marcou o fim da colônia.
Assim como o seu surgimento, o fim de Libertalia é uma história repleta de lacunas e incertezas. Se ela foi, ou não, de fato um refúgio pirata e local de resistência contra as potencias da época, isso é um enigma. Embora não haja evidências concretas de sua existência, também não existem fatos que provam o contrário.
Sabemos que piratas criaram a República de Nassau e dominaram Port Royal, isso é amplamente documentado. Também existem evidencias e muitos relatos sobre piratas na ilha de Madagascar, no entanto, poucos deles endossam a presença de Libertália por lá. Por essa razão, alguns estudiosos acreditam que ela seja apenas uma ficção, não passando de uma utopia criada em uma obra literária.
Considerações Finais
Mitos como o de Libertatia serviram para inspirar piratas reais, como os de Nassau, que sonhavam com uma comunidade onde todos fossem livres para viver de acordo com seus próprios ideais.
Deixe nos comentários sua opinião sobre esse lendário refúgio pirata!
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