
Imagine ser abandonado em uma ilha deserta, vendo o navio desaparecer no horizonte, sem água, com pouca comida e apenas uma pistola com uma única bala. Sob o sol implacável e o silêncio quebrado apenas pelas ondas, essa era a cruel realidade do marooning — o abandono em ilha deserta —, punição temida na Era Dourada da Pirataria, reservada aos crimes mais graves cometidos no mar.
Origem do Termo Marooning
A palavra marooning vem do termo espanhol cimarrón, que originalmente designava animais domésticos que fugiam para viver em estado selvagem. Com o tempo, o termo passou a se referir a pessoas que se isolavam em terras desabitadas, incluindo escravizados fugitivos.
Somente mais tarde passou a significar o abandono de alguém em uma ilha deserta — destino que, para piratas e marinheiros, raramente tinha volta.
Os Artigos Piratas e a Punição do Abandono
Durante os séculos XVII e XVIII, os piratas seguiam códigos de conduta conhecidos como artigos piratas ou códigos piratas.
Essas regras variavam de navio para navio, mas tinham objetivos claros: manter a disciplina, proteger a tripulação e garantir a divisão justa dos espólios.
Entre os crimes punidos com marooning, estavam:
- Traição: amotinar-se contra o capitão ou mostrar deslealdade em combate.
- Roubo dos espólios: apropriar-se do tesouro comum.
- Covardia em batalha: recusar-se a lutar, colocando o grupo em risco.
- Brigas perigosas a bordo: conflitos graves que ameaçassem a segurança da tripulação.

Em alguns códigos, como os de Bartholomew Roberts e John Phillips, o marooning era descrito de forma irônica como “tornar-se governador de uma ilha” — um eufemismo sombrio para a sentença de isolamento final.
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Como Funcionava o Abandono em Ilha Deserta
O marooning não era aplicado em qualquer lugar. O local de abandono era escolhido para maximizar o isolamento e as chances mínimas de sobrevivência.
Normalmente, tratava-se de ilhas áridas e sem água potável. Em alguns casos, o “local” era apenas um banco de areia exposto na maré baixa, sem árvores para sombra ou refúgio contra tempestades.
O punido recebia apenas o básico:
- Um pouco de comida.
- Um cantil de água.
- E, muitas vezes, uma pistola com uma única bala — um recurso para encurtar o próprio sofrimento.
A sobrevivência dependia da sorte: pescar, encontrar alguma fonte de água ou esperar que um navio passasse próximo o bastante para avistar o náufrago.
Casos Históricos de Marooning
Edward England
Após um motim, foi abandonado por sua própria tripulação em uma ilha perto de Madagascar. Pouco se sabe sobre sua morte.

Philip Ashton
Capturado pelo pirata Edward Low, Ashton foi deixado em uma ilha desabitada no Caribe. Sobreviveu por 16 meses até ser resgatado.
Alexander Selkirk
O caso mais famoso: em 1704, o escocês pediu para ser deixado em uma ilha após discordar do capitão. Passou quatro anos e quatro meses isolado em Más a Tierra (hoje Ilha Robinson Crusoé). Sua história inspirou o romance Robinson Crusoé, de Daniel Defoe.
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O Significado do Marooning para os Piratas
Para as tripulações, o abandono em ilha deserta não era apenas punição — era um aviso severo para manter a ordem. Representava o isolamento extremo, onde o mar e o sol se tornavam carcereiros implacáveis.
Afinal, na pirataria, a disciplina era a diferença entre a vida e a morte.
Conclusão
O marooning foi uma das punições mais cruéis da Era Dourada da Pirataria. Destinado a garantir a disciplina a bordo, deixava o condenado à mercê da natureza e de sua própria resistência.
Hoje, essa prática sobrevive apenas nos relatos históricos — lembrança de um tempo em que o oceano era tão implacável quanto os próprios piratas.
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